quinta-feira, 2 de abril de 2015

Filme do Oscar alerta para mal de Alzheimer": 
o que você precisa saber sobre a doença

Segundo Eliane Novaes Procópio de Araújo, psicóloga, mestre em gerontologia
Coordenadora  do Curso de Aprimoramento em Gerontologia Social do Instituto Sedes Sapientae, 
"o percurso da doença varia de pessoa para pessoa, mas é de aproximadamente oito anos”

O filme "Para sempre Alice" (Still Alice), lançado em 2014, trata de um problema que acomete milhões de pessoas ao redor do mundo: a doença de Alzheimer. A protagonista do longa, Alice Howland, interpretada por Julianne Moore, vencedora do Oscar de "melhor atriz" pelo papel, descobre, aos 50 anos, ser portadora da doença e vê sua vida mudar radicalmente.

O filme traz à pauta uma doença muitas vezes negligenciada, principalmente por ser associada aos mais velhos. Muitas pessoas consideram os sintomas da doença como simples consequência da idade avançada dos pacientes. Mas não é bem assim. Falar sobre o Alzheimer e levar informação às pessoas é fundamental para que seus sintomas sejam identificados e o diagnóstico possa se dar precocemente.
O que é?
Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva que compromete funções cognitivas como memória, linguagem, atenção e raciocínio lógico. É causada pela morte de células cerebrais, e seu desenvolvimento é lento e progressivo. Apesar de não possuir cura, quando sua descoberta é feita nos estágios iniciais é possível realizar um tratamento para retardar seu desenvolvimento e garantir uma melhor qualidade de vida do portador. Aparece com mais frequência a partir dos 80 anos, mas existem pessoas que desenvolvem a doença a partir dos 30.
No Brasil, estima-se que 1,2 milhão de pessoas sejam vítimas do Alzheimer. Esses números, no entanto, podem ser muito maiores, já que não existe um estudo preciso de quantos portadores existem no país. 
Desenvolvimento da doença
O desenvolvimento do Alzheimer varia e envolve diversos fatores, como aponta Eliane Novaes Procópio de Araújo, psicóloga, mestre em gerontologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e Coordenadora  do Curso de aprimoramento em Gerontologia Social do Instituto Sedes Sapientae. "O percurso da doença varia de pessoa para pessoa, mas é de aproximadamente oito anos”, diz Eliane. “Os estágios da doença são: leve, moderado e grave". 
No estágio leve, ocorre a perda de memória recente e dificuldade de aprendizado de novas informações. Também são alteradas as noções de tempo e espaço. Descobrindo-se a doença ainda nessa etapa, é possível realizar um tratamento, como ensina a psicóloga: "No estágio leve é importante realizar uma psicoterapia voltada a dar um apoio emocional e também a estimular os recursos cognitivos existentes". 
A psicóloga conta um pouco da sua experiência de 16 anos trabalhando numa instituição para idosos e como ajuda os pacientes em seu consultório. "Utilizo estímulos para fortalecer os conteúdos reminiscentes e assim melhorar a auto-estima e confiança da pessoa com demência conjuntamente com uma orientação aos familiares", explica. 
Como a família pode ajudar?
O papel da família no tratamento é fundamental, principalmente nos estágios iniciais da doença. "Nos estágios da doença em nível leve e moderado é possível mantê-la em casa com ajuda de cuidadores formais e o cuidador familiar principal supervisionando", explica Eliane. Quando a doença já está no estágio grave, é recomendada a internação do paciente. Por isso, é muito importante que familiares estejam atentos aos sintomas iniciais.
"A família é responsável pelo atendimento de seu familiar com Alzheimer. O que deve-se evitar é o estresse do cuidador familiar principal, que é geralmente o cônjuge ou a filha mulher, pois a convivência com um ente querido com Alzheimer é muito difícil, cansativa e triste", afirma a psicóloga. 
Justamente por se tratar de uma rotina cansativa, a psicóloga sugere que haja uma alternância entre os familiares na hora de cuidar do portador da doença. Esse suporte é muito importante, principalmente para evitar um quadro de depressão. "Encontra-se prevalência de sintomas depressivos em pacientes portadores de demência do tipo Alzheimer variando de 10% a 86% dos casos de populações estudadas", alerta. 
Causas e prevenção
Além de poder gerar depressão, algumas vezes o processo pode ser inverso: a depressão pode levar ao desenvolvimento da doença. "Existem estudos que relatam que casos de depressão severa podem desenvolver quadros de demência geralmente advindos de desapontamentos e problemas mal elaborados no decorrer da vida", afirma a psicóloga.
Ainda não se sabe exatamente como prevenir o Alzheimer, mas estudos recentes apontam que promover a estimulação cognitiva, praticar exercícios físicos e a integrar-se socialmente podem ser o caminho para manter-se longe da doença.

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