domingo, 30 de novembro de 2014

Os desafios do diagnóstico do câncer infantojuvenilMédico patologista é fundamental na descoberta e diagnóstico precoce da doença
 
O câncer entre crianças e jovens é a primeira causa de morte por doença entre pessoas de um a 19 anos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Estima-se que em torno de 70% das crianças acometidas pela doença possam ser curadas se diagnosticadas precocemente e receberem o tratamento adequado. “Mesmo com a alta probabilidade de cura quando diagnosticada precocemente, a doença é tão nociva quanto para um adulto, por isso a importância do diagnóstico precoce”, comenta o patologista Ricardo Artigiani, da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP).

Os patologistas são determinantes no diagnóstico definitivo dos cânceres, pois participam desde a determinação exata do diagnóstico de câncer e seu tipo histológico (existem dezenas de diagnósticos diferenciais com sintomas semelhantes), estabelecem subtipos prognósticos (é muito comum em tumores pediátricos a divisão em diversos subgrupos de diagnóstico e tratamento) e pesquisam, na amostra tecidual retirada, marcadores (muitas vezes moleculares) relacionados a tratamento e prognóstico.

“O diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil é mais complicado, pois na criança há maior dificuldade pela superposição de tipos de câncer com características semelhantes, comuns na idade, maior velocidade de crescimento tumoral e sintomatologia menos evidente. Além disso, na criança dificilmente observamos a presença de lesões pré-malignas. Nesse grupo etário usualmente o diagnóstico é feito com o câncer já instalado”, comenta o patologista.

 Dados do Observatório da Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostram que o diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil ainda é a principal questão da doença entre os jovens. A pesquisa com esta faixa etária, realizada entre 2004 e 2012, mostrou que 42% dos casos confirmados eram de tumores do sistema nervoso central, que só foram identificados entre quatro e seis meses depois do início dos sintomas. Para tumores de partes moles (vísceras e epiderme), o tempo foi de sete meses. Há casos em que o diagnóstico demora até oito anos para ser confirmado.

 Para a patologista e membro da SBP, Luciana Salomé, é importante a visita de rotina ao pediatra, por meio dela a chance do diagnóstico precoce é ainda maior. “Conhecendo a criança, a chance de detectar uma alteração, ainda que mínima, pode fazer toda a diferença na possibilidade de cura”, comenta a médica.

 

Fique atento aos sintomas*:



·                    Nas leucemias, pela invasão da medula óssea por células anormais, a criança se torna suscetível a infecções, pode ficar pálida, ter sangramentos e sentir dores ósseas.


• No retinoblastoma, tipo de tumor que afeta os olhos, um sinal importante de manifestação é o chamado ’reflexo do olho de gato’, que é o embranquecimento da pupila quando exposta à luz. Pode se apresentar, também, através de fotofobia ou estrabismo. Geralmente acomete crianças antes dos três anos de idade. Hoje a pesquisa desse reflexo pode ser feita desde a fase de recém-nascido.

• Algumas vezes os pais notam um aumento do volume ou uma massa no abdômen, podendo tratar-se, também, de um tumor de Wilms, espécie de tumor renal ou neuroblastoma, que se desenvolve a partir do sistema nervoso.

• Tumores sólidos podem se manifestar pela formação de massa, podendo ser visíveis ou não e causar dor nos membros - sintoma, por exemplo, frequente no osteossarcoma (tumor no osso em crescimento), mais comum em adolescentes.

• Tumor de sistema nervoso central tem como sintomas dor de cabeça, vômitos, alterações motoras, alterações de comportamento e paralisia de nervos.

*Fonte: Inca

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