segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Urologista cirurgião Rafael Carrion (EUA)
Médico discute com especialistas brasileiros os desafios do tratamento da disfunção erétil



Considerado um dos mais renomados urologistas e especialistas mundiais em cirurgia de implante peniano, o Dr. Rafael Carrion, professor associado de Urologia e diretor de Pesquisa do Departamento de Urologia da Universidade do Sul da Flórida, esteve no Brasil para participar do World Meeting on Sexual Medicine, organizado pela International Society for Sexual Medicine (ISSM) e pela Sociedad Latinoamericana de Medicina Sexual (SLAMS). Na capital paulista, além de participar do congresso, o especialista também realizou cirurgias no Hospital São Paulo e concedeu entrevista exclusiva ao hotsite da Campanha De Volta ao Controle. Carrion falou sobre a prevalência da doença nos Estados Unidos, o risco das doenças associadas, como diabetes e problemas cardiovasculares, e o tabu que cerca a disfunção erétil. Confira!

DVC: Dr. Carrion, como os urologistas devem orientar seus pacientes a evitar a disfunção erétil?

RC: É muito importante diagnosticar esse tipo de doença no início, porque ela tem vários níveis de complexidade. O comprometimento da função erétil, ou seja, quando as reações mudam, pode ter início com coisas triviais, como sinais de envelhecimento, aumento de peso ou mesmo alteração dos níveis de colesterol. O problema pode estar relacionado também a sintomas mais sérios, como níveis de açúcares frequentemente acima do normal, a presença de arteriosclerose severa e outras desordens que podem impactar a saúde. Então, é muito importante reconhecer os sinais de disfunção erétil no diagnóstico, porque não se trata mais de condições triviais. Os sintomas podem ser sinais ocultos de uma condição clínica muito mais séria. Por isso é tão importante cuidar da saúde, com boa dieta, exercícios e controle de estresse. Todos esses fatores têm um papel importante e afetam indiretamente a função erétil.

DVC: Sabemos que a disfunção erétil atinge pelo menos 100 milhões de homens em todo o mundo. No Brasil, segundo dados do ano 2000 (Urology), a DE atinge pelo menos 48% da população masculina a partir dos 40 anos, o que equivale a 25 milhões de brasileiros. Desse total, quase 12 milhões estão no estágio moderado a completo da doença. E nos Estados Unidos, qual é a incidência da doença?

RC: Nos Estados Unidos, as estatísticas mais recentes mostram que, entre os homens acima de vinte anos, a prevalência oscila entre 17% e 19%. Na faixa acima dos quarenta anos, a situação norte-americana é bastante semelhante à realidade brasileira, ou seja, prevalência acima dos 40%. Mas sabemos que há diferenças em certas condições, como a maior propensão à doença comparada às outras faixas etárias.

DVC: A disfunção erétil está relacionada a outras doenças, como diabetes, cardiopatias e problemas vasculares. A partir de sua experiência no tratamento dos casos mais graves, quais indicadores clínicos devem ser observados com mais atenção tanto pelos urologistas quanto por médicos de outras especialidades para se fazer o diagnóstico precoce e correto da DE?

RC: Isso é realmente importante. É preciso muita atenção para reconhecer as condições especiais que acarretam a disfunção erétil em suas maiores taxas de prevalência. Nessas situações, todo o sistema tem problemas.  Muita gente pensa ainda que disfunção erétil está associada a patologias que afetam apenas o pênis. Pelo contrário. O metabolismo de diabéticos, por exemplo, tem grande influência sobre a disfunção erétil. O mesmo vale para os problemas vasculares, que têm relação direta com a doença. Por isso é tão importante associar o conhecimento de diferentes áreas médicas no diagnóstico da DE, como medicina familiar, endocrinologia, clínica geral e, claro, urologia, todas trabalhando juntas, de forma multidisciplinar.

DVC: No Brasil, a disfunção erétil ainda é um tema polêmico, pouco discutido na imprensa e pouco enfrentado pelo homem e pela família, já que é considerada um tabu. Como é essa realidade nos Estados Unidos? O que pode ser feito para diminuir esse problema?

A cada ano que passa, o tabu é menor. Hoje em dia, há um trabalho muito mais amplo de conscientização sobre saúde masculina e saúde sexual que tem recebido mais atenção da mídia e impactado cada vez mais pessoas. Mesmo que esse trabalho ainda não seja feito de forma ideal, em comparação com o que havia há trinta anos, certamente houve uma grande evolução em termos de conscientização para médicos e pacientes. É preciso educar os dois lados. 

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