quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Cuidados essenciais para uma gestação pós-cirurgia bariátrica
 
Tem sido cada vez mais expressivo o número de pacientes que recorrem à cirurgia bariátrica e engravidam depois do procedimento. Esta é uma tendência observada nos últimos anos e, no Brasil, mais de 80% das cirurgias bariátricas são realizadas em mulheres, deste grupo 50% estão na faixa entre 20 e 40 anos, ou seja, em plena idade fértil. Os benefícios do procedimento são muitos e amplamente conhecidos, no entanto, os obstetras devem ficar atentos a possíveis complicações nesse grupo de pacientes.
 
O cirurgião-geral do Hospital e Maternidade Santa Joana, Dr. Sérgio Lucchesi, explica que embora o procedimento cirúrgico hoje seja muito seguro, realizado por via laparoscópica na maioria das vezes, existem as chamadas complicações tardias da cirurgia. ‘’A mais grave é a torção do mesentério. Com a demora do diagnóstico, o intestino poderá sofrer uma isquemia que, senão operada a tempo, pode levar a situações graves’’, afirma o cirurgião.
 
Diante desses casos, pacientes e obstetras devem ficar atentos aos sintomas de uma possível complicação. ‘’Os mais frequentes são dores e distensões abdominais, além de vômitos. Em geral, após os quatro meses de gestação, quando o útero já está bastante aumentado e pode pressionar outros órgãos internos’’, diz o profissional.
 
A atenção deve ser redobrada, pois esse tipo de complicação não aparece no exame de ultrassonografia, apenas em exames de raios-X ou tomografia, que não são aconselhados durante a gestação, por isso, o método diagnóstico mais indicado é a ressonância magnética com o elemento químico chamado gadolínio, que representa menos risco, por conta da menor radiação. ‘’Com um diagnóstico afirmativo, a correção para o problema é cirúrgica. No Hospital e Maternidade Santa Joana temos casos de sucesso, frutos de diagnóstico precoce e intervenção cirúrgica o mais rápido possível’’, completa.
 
É sempre importante lembrar que a gestante submetida a uma cirurgia bariátrica é uma paciente multidisciplinar, que requer acompanhamento não apenas do obstetra, mas também do cirurgião que a operou, de um endocrinologista e de uma equipe de nutrição. É indicado que a mulher faça exames a cada trimestre para verificar se há alguma carência de nutrientes.
 
O aspecto emocional também não pode ser deixado de lado, sendo necessário um suporte psicológico nesses casos em que a mulher perdeu bastante peso e, de repente, se vê engordando com a barriga da gravidez crescendo.
 
Casos como estes ocorrem com mais frequência do que se imagina, causa disso é que, em geral, mulheres obesas tendem a apresentar mais dificuldade para engravidar, por problemas diversos como maior ocorrência de ovários policísticos, alterações hormonais e diabetes. Ao resolverem esses problemas, a cirurgia bariátrica trabalha a favor da maior fertilidade, isso sem considerar o aspecto psicológico, já que a mulher que deixa de ser obesa pode ter sua autoestima aumentada e, por consequência, sua atividade sexual também.
 
Para evitar essas complicações durante a gestação, o especialista recomenda que a mulher espere pelo menos 18 meses antes de tentar uma gestação. Nesse grupo de pacientes, a perda de peso é bastante expressiva, às vezes superando uma redução de 40kg a 50kg. ‘’Esse quadro pode levar à desnutrição. É comum que essas mulheres apresentem falta de proteínas, de vitaminas, de ácido fólico e isso pode prejudicar a saúde dela e a do bebê, se a gravidez ocorrer logo após a cirurgia. Esta é uma orientação importante que os obstetras devem transmitir a essas pacientes’’, finaliza o médico.

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